Gume

 

Continuando a exploração da síncope, da palavra e da melodia em diálogo com a cultura urbana e as tradições rítmicas originárias de África e da sua diáspora, Gume regressa às edições com o novo disco intitulado Dobra.
O conjunto de músicos sediados em Lisboa manifesta aqui uma relação entre o real e o simbólico, balançando em direção a uma mitologia sonora em temas que ressoam os axiomas lançados por Sun Ra:
“I do not come to you as a reality; I come to you as the myth!”
A trama resultante de motivos melódicos e células rítmicas entrelaçadas por improvisações, estabelecem material fértil para a criação de novas narrativas que se intersectam através da revisitação de formas tradicionais como a rumba cubana, o maracatu brasileiro, o rara haitiano, o jazz e o rap norte-americanos.
Com o trabalho iniciado em Pedra Papel, álbum de estreia de 2017, onde o groove se posiciona num balanço entre uma cosmologia particular, o psicodelismo e a tradição, seguimos com Dobra num exercício de constante posicionamento e observação, colocando lado a lado as tradições folclóricas rítmicas e orais e suas atualizações em múltiplas ramificações e transformações.
Ao longo deste novo disco somos confrontados com a dualidade e com sistemas de oposição entre o movimento frenético dos ritmos e as formas voluptuosas das melodias ou de arranjos lentos que seguem harmonias tonais e dissonantes na busca de um delírio comum através dos opostos.

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