Compositor-pianista, natural de Lisboa, João Paulo Esteves da Silva tem dividido a sua atividade entre os mais variados quadrantes: primariamente associado ao jazz e à música improvisada, desempenhou também um papel de relevo na música popular portuguesa – destacam-se as suas colaborações com Sérgio Godinho ou Vitorino enquanto arranjador – e foi concertista numa fase inicial da sua carreira.
A sua discografia em nome próprio denota sensivelmente três fases distintas da sua produção enquanto músico criativo. Uma primeira, em que se destacou como um dos pioneiros e principais compositores do chamado jazz português: datam dessa época o seu quarteto, as suas colaborações com Peter Epstein, a suite Roda ou ainda projetos com Ricardo Rocha ou Mário Laginha. Uma segunda, em que navega, primariamente por via da composição espontânea, entre idiomas de carácter local e outros mais universais: o trio As Sete Ilhas de Lisboa, o solo Memórias de Quem e o duo com Dennis González são marcos desse período. (Em paralelo, continuou a escrever música, gravando algumas dessas composições com a Orquestra Jazz de Matosinhos.) E uma terceira, em curso, dedicada sobretudo à composição espontânea, num idioma agora mais universal, nomeadamente ao leme do trio com Mário Franco e Samuel Rohrer, com dois álbuns editados.
Continua a revisitar o repertório das referidas primeira e segunda fases, assim como a música tradicional portuguesa e sefardita, a solo ou em diferentes formações. Ao longo dos anos, a escrita de canções tem também ocupado uma parte significativa da sua produção, tendo composto para Filipa Pais, Maria Ana Bobone, Cristina Branco ou Ricardo Ribeiro, além dos seus projetos com Nazaré da Silva ou Ana Brandão.
Tem, além disso, explorado ligações da música com outras artes, como o cinema, a fotografia ou o teatro, sendo ainda tradutor e poeta, contando com cerca de uma dezena de livros publicados. Desde 2009 que leciona no curso de jazz da Escola Superior de Música de Lisboa.
