Bardino

 

Diogo Silva, Nuno Fulgêncio e Rui Martins respondem coletivamente ao nome Bardino. A música que criam tem sido descrita e/ou classificada como resultado de um cruzamento entre a eletrónica, o rock, o jazz e algo mais, quase sempre obrigando quem enfrenta tal tarefa a socorrer-se de expressões como “krautrock”, “jazz de fusão” ou “eletrónica ambiental” para lhes tentar mapear o som. Que tal profusão de descritivos seja necessário para lhes traçar o perfil é já sinal de que, na verdade, o que os Bardino fazem é novo e vai para lá dos mapas já conhecidos. Essa sensação sairá reforçada após a audição do seu novo álbum, Memória da Pedra Mãe.
Mas há lugares concretos que se podem evocar quando se fala e pensa em Bardino. Centelha, o seu álbum anterior, lançado pela Saliva Diva em 2020, foi gravado em Chaves, Trás-os-Montes, e o EP homónimo anterior, que remonta a 2017, foi criado em plena Serra das Meadas.
No novo trabalho, a menção de “Pedra Mãe”, um fenómeno geológico raro popularmente nomeado como “pedras parideiras” e que em Portugal ocorre na Serra da Freita (Arouca), volta a remeter para um lugar isolado, deserto, talvez algo inóspito, uma ideia que sai reforçada da música que soa exploratória no mesmo sentido que a palavra adquire no momento em que se chega a um lugar novo, que importa conhecer. E a essa referência do campo da ciência geológica, os Bardino adicionam a palavra “Memória”, atribuindo-lhe uma dimensão humana.
Explicam os próprios que se querem referir à “importância da memória coletiva na coesão e identidade das comunidades e ao processo de criação de novas memórias, um processo que” – referem ainda – “tem tanto de natural como de conflitante já que espelha uma tensão entre passado, presente e futuro”.
Esse é o ponto de partida conceptual para Memória da Pedra Mãe, álbum gravado no Verão de 2023 no Arda Recorders, no Porto, e que conta com produção de João Brandão e de Rui Martins.

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